segunda-feira, 1 de setembro de 2008

“A imagem”

Por Marcela Gonçalves

Nos primeiros parágrafos o autor Octávio Paz aborda uma única expressão relativa à imagem de percepção do imaginário. Depois, se aproxima mais do real dissecando conceitos científicos, que se chocam com os conceitos quase fixos de idealização poética das coisas (efeitos que o autor chama de redução racional de indivíduos e objetos). A ciência consegue que a imagem no sentido imaginário se dissolva em especulações praticamente frias e sem brio, fenômeno que não ocorre com a poesia, nela “Os elementos da imagem não perdem seu caráter concreto e singular”. A poesia, portanto descreve o possível com tal penetrabilidade que tende a ser concebida como algo irreal, assim sendo, o valor associativo das coisas se revela como o abrir de asas de uma borboleta e não como o cair de uma pedra... Claro que as coisas se tornam mais concebível quando são postas sobre uma ótica poética, elas sempre se tornam mais plausíveis. como por exemplo, acreditar que o ser humano surgiu feito por seres superiores (deuses) e com um propósito puro e belo, do que acreditarmos que nascemos de uma explosão catastrófica e/ou surgimos pela evolução de macacos sem nenhuma função ou sentido aparente. Porém o que é necessário (sem sombras de dúvidas) é a existência de ambos os conceitos (poético e científico). Paz acredita que o homem sempre se deixou dominar pela imagem pois, os poetas conseguem revelar o não visto. É peculiar que de uma forma geral se perceba que conceitos concretos e poesia se entrelaçam, e mesmo em campos opostos, existe um mecanismo que os une de maneira definitiva. Chuang-Tsé explica como funciona a relação entre os opostos. ”Não há nada que não seja aquilo. Isto vive em função daquilo (...). A vida é a vida diante da morte(...). A dialética – imagem – desafia e viola as leis do pensamento”.Pedras são plumas sem deixar de serem pedras...”. Não existe modificação real, o que existe é o modo de se ver. Na poesia o que se nota variavelmente é o olhar para um mundo totalmente possível sem deixar (é claro) que se percam suas respectivas texturas e individualidades. A realidade da imagem pode ser traduzida pela crença oriental que acredita que a verdade é uma experiência pessoal. Encontra-se incomunicável, portanto, compete a cada um fazer uma verdadeira imagem do que vê, e recriá-la de uma forma poética ou não.

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